Acordo por volta das 6h30 onde tomo um banho rápido. Deparo-me com os trabalhadores sírios do hostel que dormitam profundamente no chão. Tento não pisá-los e saio do hostel em direcção ao centro de Beirut.
As primeiras impressões foram os três velhinhos que se encontravam sentados dentro do prédio que me disseram um Bonjour sorridente.
Reparo no estado do prédio à frente do hostel, que já viu melhores dias :
Viro à direita no cruzamento e dou de caras com um militar segurando uma metralhadora ( a companhia mais presente em Beirut ). Saí-me um "Bonjour", ao qual ele retribui com um aceno com a cabeça. Vou continuando na mesma rua até à mesquita azul de Beirut. Na cidade, poucas pessoas estavam acordadas e só alguns carros.
A cada virar de esquina, Beirut ia-me espantando. Parecia um japonês devido aos repetidos "ohh!" que iam soltando à medida que ia caminhando. O primeiro grande "ohh" foi dado ao deparar-me com a loja da Ferrari ao lado da mesquita azul. Ferraris para todos os gostos : amarelos, vermelhos, pretos, azuis..
Ao lado da mesquita, uma igreja católica maronita e uma igreja grega ortodoxa, ambas fechadas a sete chaves, partilham o centro da cidade onde chegam os carros vindos do norte de Beirut.
Ao lado da mesquita azul, meio abandonada e sem algum brilho, a estátua da Place des Martyrs simboliza os libaneses nacionalistas mortos pelos turcos em 1916 durante um bloqueio pelos Aliados na I Guerra Mundial. Esta praça é utilizada para protestos e motins como os sucedidos em 2005 e 2007, contra a presença militar Síria em território libanês e protestos do Hezbollah, respectivamente.
Chego ao Downtown de Beirut e um "ohh" para a quantidade de segurança no bairro que comporta o Parlamento, embaixadas, cafés e restaurantes chics, lojas de luxo europeu e o porto. Eles são militares, eles são polícias, eles são seguranças à paisana, eles são segurança de headphones e comunicador, eles são Hezbollah, eles são tanques, eles são militares nos terraços, eles são seguranças de parques de estacionamento, eles são pequenos bunkers com bandeirinhas do Líbano, eles são militares nas janelas...
O que é contraditório nesta cidade é o luxo ao lado da destruição. É o sectarismo religioso evidente em todo o lado. É os USD ao lado das libras libanesas, o francês ao lado do árabe, os jeep luxuosos, os milhares de Mercedes e BMW nas ruas anárquicas, os sinais que ninguém respeita.
Ao longo da manhã fartava-me de ouvir apitos de buzinas de carros. Os libaneses nos seus carros apitam para tudo o que é sítio. É sinónimo de "eu vou passar", ou de "eu tou aqui, cuidado", ou "atenção, vais-me bater". Todavia, percebi outro sinónimo dos apitos constantes e frenéticos. Diga-se de passagem que, a quantidade de pessoas que andam pelas ruas conta-se pelos dedos, só os turistas e os pobres. Então, os apitos que ouviam eram dirigidos a mim! Cada taxi, service, bus que passava por mim apitava-me para me levar com eles! Dezenas de vezes disse que não com a cabeça ou oralmente ao qual os condutores seguiam o seu trajecto. Alguns, mais simpáticos, acenavam-me com a mão.
Continuo a andar até à beira mar. Reconstrução de edifícios são como as formigas. Parece que a cidade quer cozer com linhas de ouro as inúmeras feridas de 15 anos de guerra civil mais as guerras com Israel. Prédios, hotéis à la americana nascem ao lado da destruição.
Depois do primeiro choque, estava decidido : "vou ao museu nacional". Páro o primeiro taxi, e diz-me ele assim : "Preço especial para si. Acredite que o preço é especial. Do fundo do coração. 10 USD". Respondo-lhe um "Não, obrigado". Ao segundo taxi que paro na rua, acordámos 5 USD para me levar ao museu.
Não demora muito até eu perceber que o condutor não tem a mínima ideia da localização do museu. Paramos em vários locais, na rua, hotéis, ministérios, bairro muçulmano, postos de segurança. Meia hora depois, lá estava eu no museu.
Troco palavras em inglês, francês e espanhol com a senhora da recepção do museu. Gentilmente, ela troca-me USD em libras libaneses e da-me redução de estudante. O museu, em si, traduz a história do Líbano onde lado a lado, vestígios de todas as civilizações que por lá passaram partilham o mesmo espaço. Uma visita guiada para crianças de uma escola privada era dado em francês com expressões em árabe pelo meio.
Um pouco mais em baixo, encontro a Igreja Arménia. 5 seguranças aproximam-se de mim e dão me permissão para entrar na Igreja. Encontro-a vazia, nenhuma alminha lá. Uma igreja completamente renovada, com um altar fabuloso e uns frescos deveras impressionantes.
Almoço no Le Chef, uma tasquinha frequentada por libaneses e alguns estrangeiros, um homos aux champignons e aubergines com arroz seguido de um mhalabié e o chá.
De seguida, para aliviar o peso da mala, fui levar o presente prometido a um amigo de um amigo. Um computador para crianças que veio comigo para o Líbano. Andei meio perdido até encontrar a pessoa certa. Engenheiro civil na obra, tive oportunidade de cumprimentar todos os engenheiros e presenciar a construção de um prédio de 24 andares com os seus 60 trabalhadores em permanência.
Missão cumprida, tempo para um passeio na rua do comércio Gemaizé. Peço permissão para tirar esta foto :
Belo dia para estar esparrapachado na sua varanda!
Contínuo até à estação de bus Charles Helou para tratar da minha ida para a Síria no dia seguinte. Troco dinheiro num cantinho meio mafioso mas a uma taxa impecável. Chegado à estação, uma dúzia de taxistas e condutores : "Alep ? Damascus ? Amman ? Petra ? Turkey ? Antakya ? Byblos ? Tyr ? Baalbeck ?".
Lá consigo encontrar que fala inglês e me diz o horário do bus para Alep.
As primeiras impressões foram os três velhinhos que se encontravam sentados dentro do prédio que me disseram um Bonjour sorridente.
Reparo no estado do prédio à frente do hostel, que já viu melhores dias :
Viro à direita no cruzamento e dou de caras com um militar segurando uma metralhadora ( a companhia mais presente em Beirut ). Saí-me um "Bonjour", ao qual ele retribui com um aceno com a cabeça. Vou continuando na mesma rua até à mesquita azul de Beirut. Na cidade, poucas pessoas estavam acordadas e só alguns carros.
A cada virar de esquina, Beirut ia-me espantando. Parecia um japonês devido aos repetidos "ohh!" que iam soltando à medida que ia caminhando. O primeiro grande "ohh" foi dado ao deparar-me com a loja da Ferrari ao lado da mesquita azul. Ferraris para todos os gostos : amarelos, vermelhos, pretos, azuis..
Ao lado da mesquita, uma igreja católica maronita e uma igreja grega ortodoxa, ambas fechadas a sete chaves, partilham o centro da cidade onde chegam os carros vindos do norte de Beirut.
Ao lado da mesquita azul, meio abandonada e sem algum brilho, a estátua da Place des Martyrs simboliza os libaneses nacionalistas mortos pelos turcos em 1916 durante um bloqueio pelos Aliados na I Guerra Mundial. Esta praça é utilizada para protestos e motins como os sucedidos em 2005 e 2007, contra a presença militar Síria em território libanês e protestos do Hezbollah, respectivamente.
Chego ao Downtown de Beirut e um "ohh" para a quantidade de segurança no bairro que comporta o Parlamento, embaixadas, cafés e restaurantes chics, lojas de luxo europeu e o porto. Eles são militares, eles são polícias, eles são seguranças à paisana, eles são segurança de headphones e comunicador, eles são Hezbollah, eles são tanques, eles são militares nos terraços, eles são seguranças de parques de estacionamento, eles são pequenos bunkers com bandeirinhas do Líbano, eles são militares nas janelas...
O que é contraditório nesta cidade é o luxo ao lado da destruição. É o sectarismo religioso evidente em todo o lado. É os USD ao lado das libras libanesas, o francês ao lado do árabe, os jeep luxuosos, os milhares de Mercedes e BMW nas ruas anárquicas, os sinais que ninguém respeita.
Ao longo da manhã fartava-me de ouvir apitos de buzinas de carros. Os libaneses nos seus carros apitam para tudo o que é sítio. É sinónimo de "eu vou passar", ou de "eu tou aqui, cuidado", ou "atenção, vais-me bater". Todavia, percebi outro sinónimo dos apitos constantes e frenéticos. Diga-se de passagem que, a quantidade de pessoas que andam pelas ruas conta-se pelos dedos, só os turistas e os pobres. Então, os apitos que ouviam eram dirigidos a mim! Cada taxi, service, bus que passava por mim apitava-me para me levar com eles! Dezenas de vezes disse que não com a cabeça ou oralmente ao qual os condutores seguiam o seu trajecto. Alguns, mais simpáticos, acenavam-me com a mão.
Continuo a andar até à beira mar. Reconstrução de edifícios são como as formigas. Parece que a cidade quer cozer com linhas de ouro as inúmeras feridas de 15 anos de guerra civil mais as guerras com Israel. Prédios, hotéis à la americana nascem ao lado da destruição.
Depois do primeiro choque, estava decidido : "vou ao museu nacional". Páro o primeiro taxi, e diz-me ele assim : "Preço especial para si. Acredite que o preço é especial. Do fundo do coração. 10 USD". Respondo-lhe um "Não, obrigado". Ao segundo taxi que paro na rua, acordámos 5 USD para me levar ao museu.
Não demora muito até eu perceber que o condutor não tem a mínima ideia da localização do museu. Paramos em vários locais, na rua, hotéis, ministérios, bairro muçulmano, postos de segurança. Meia hora depois, lá estava eu no museu.
Troco palavras em inglês, francês e espanhol com a senhora da recepção do museu. Gentilmente, ela troca-me USD em libras libaneses e da-me redução de estudante. O museu, em si, traduz a história do Líbano onde lado a lado, vestígios de todas as civilizações que por lá passaram partilham o mesmo espaço. Uma visita guiada para crianças de uma escola privada era dado em francês com expressões em árabe pelo meio.
Depois de tomar o pequeno almoço num café modernaço, encontro o Centro Cultural de Beirut em reconstrução, em parceria com a cidade de Paris.
Almoço no Le Chef, uma tasquinha frequentada por libaneses e alguns estrangeiros, um homos aux champignons e aubergines com arroz seguido de um mhalabié e o chá.
De seguida, para aliviar o peso da mala, fui levar o presente prometido a um amigo de um amigo. Um computador para crianças que veio comigo para o Líbano. Andei meio perdido até encontrar a pessoa certa. Engenheiro civil na obra, tive oportunidade de cumprimentar todos os engenheiros e presenciar a construção de um prédio de 24 andares com os seus 60 trabalhadores em permanência.
Missão cumprida, tempo para um passeio na rua do comércio Gemaizé. Peço permissão para tirar esta foto :
Belo dia para estar esparrapachado na sua varanda!
Contínuo até à estação de bus Charles Helou para tratar da minha ida para a Síria no dia seguinte. Troco dinheiro num cantinho meio mafioso mas a uma taxa impecável. Chegado à estação, uma dúzia de taxistas e condutores : "Alep ? Damascus ? Amman ? Petra ? Turkey ? Antakya ? Byblos ? Tyr ? Baalbeck ?".
Lá consigo encontrar que fala inglês e me diz o horário do bus para Alep.